Nesta pastagem electrónica, todos os Amigos de Santo Huberto, e fieis a DIANA, naturais amantes da Cinegética, poderão escrever de Salto, e enquanto aguardam pela Abertura da Caça, vão aqui deixar as suas memórias, as suas preocupações e as melhores soluções para a preservação deste nosso "Vicio" - A Caça.
Saudações Cinegéticas.
Pedro J Oliveira Carreiro
Meus caros, em mais uma saida para dar uso aos cães de pena, e ao atravessar uma mata, o meu confrade PSA, por pouco nao fez uma omeleta para o almoço!
Debaixo dos pés lhe saltou, tao grande galinhola : era ENORME, exclamou ele!! Enquanto a pobre ave, esvoaçava por entre os troncos das criptomerias , seguida de perto pela nossa "matilha".
De facto, tínhamos literalmente tropeçado num magnifico ninho de Galinhola,e a corajosa mãe aguentou firme até que o cérebro pensou mais forte do que o coração e colocou-se em fuga para distrair atenções, salvando a futura prole. Um caso para acompanharmos de perto...ao longo da semana!!!
Acabei de receber uma obra de arte, o livro La Bécasse des Bois, histoire naturelle, de Yves Ferrand e François Gossmam, tendo-o adquirido diretamente ao editor . http://www.effet-de-lisiere.com/
Uma obra monumental de grande qualidade de conteudo, de imagens incriveis e de um rigor cientifico, a par da beleza e da especificidade para a qual a Scolopax rusticola nos remete ! A não perder. Mais detalhes para breve.
classificaçao: *****
domingo, 21 de abril de 2013
Aos Graminhais com vento forte
Fomos a procura de Galinholas
Bem tentamos a nossa sorte
Nas não passamos de bandeirolas
No planalto da Achada
Pela mata nos metemos
Vimos a dupla bem parada
No lugar aonde param "ventos"
domingo, 14 de abril de 2013
Abril,14
nova saida de campo, 2 bracos e 1 e breton, na companhia de mais um aficionado da caça (no prato...) fomos dar mais um treino surreal aos nossos caes !Resultado: galinholas, pombo torcaz, pombo da rocha, codorniz, uns quantos ouriços cacheiros, muito rasto de coelho e no final, enquanto degustávamos uma sandes de bolos levedo e trincavamos morangos caseiros, avistamos numa pequena charca junto a estrada 3 patos bravos (anas querquedula), por sinal muito cansados de voarem toda a noite, aproveitando a lua que se fez notar. Valeu a pena levantar cedo !? Claro que sim, e pra semana há mais...
Foi pouco depois de falarmos ao telefone. Encontrei-as
(juntamente com outra "irmãzinha" e uma mãe desesperada, que tentava
desviar-me a atenção) quando ontem fui prospectar uma lagoa que um amigo
caçador me havia falado há uns meses atrás; em que me informava
ter observado "mais de 300 patos, de várias espécies" e, inclusive,
"dois gansos", que ele não soubera identificar... Na altura tive vontade
de visitar o local mas, o mau tempo que tem feito e a dificuldade de
acesso ao local (tem de se subir um cabeço muito íngreme, pelo meio de
uma densa mata de criptoméria, forrada de rapa e urze) fizeram-me adiar
este propósito... Ontem recebi um telefonema dele, a informar-me que
tinha ido lá na segunda-feira passada e tinha voltado a ver muitos patos
e, perguntava-me, se era "normal" nesta altura do ano. Respondi-lhe que
não, que já era um bocado tarde, e fiquei de dar lá uma saltada para
tirar esta história a limpo. Fui lá ao fim da tarde. E ele tinha razão.
Contei 82 marrequinhas e 1 marrequinha-americana. De facto não esperava
observar números desta dimensão quase em meados de Abril... Penso que o
mau tempo continuado tem atrasado a partida de muitos migradores, mas
ainda assim achei surpreendente, até porque os patos do Paul da Praia
(que é um local de referência) já partiram quase todos há umas duas
semanas, restando apenas duas piadeiras.
Quanto às crias de galinhola da foto, dão-nos motivos
para ter esperança, pois embora este início de Primavera tenha sido
muito nefasto, com cheias e alagamento de terrenos, para os
ninhos/ninhadas, sobretudo das espécies que nidificam no solo, sabemos
que algumas têm desembaraço suficiente para sobreviver...
une journée de chasse une journée d'hiver J'ai vuune bécasse basculer vers l'arrière
quand les chienset les chasseurs la traversée d'unruisseau dans de l'eaufroide, sansun bateau qui tombe, qui tombe
leschienspassent les pierres chasseursde plongée plein d'orgueil qui tombe, qui tombe
à la marge,l'autre sur son cheval, legaston bottesaux pieds nus nageoires des poissons
les jambeset les fessesmouillées veste et pantalon unecriqueprivée chemin avec difficulté
qui tombe, qui tombe phoebuslegaston Oui ou Nón !
domingo, 7 de abril de 2013
dom, 07 abr 2013
saida para o planalto da achada das furnas
especies: coelho bravo (morto); pombos torcazes; codorniz, Scolopax rusticola; capella gallinago - vestigios de presença
obs: do melhor e a repetir certamente. aviso: nunca atravessar uma ribeira ao mesmo tempo que os caes - resultado - caçador na água !!! (só filmado, dizia o psa...)
domingo, 17 de fevereiro de 2013
17-Fev-2013
Saida para as pastagens da zona tipica de caça as Narcejas, acompanhado de um "novato" mas grande entusiasta da caça, o P. A. , mais o seu epgneul breton.
Terrenos semi-alagados, com reduzida densidade de narcejas, concentradas numa mesma área vimos cerca de 12 aves, prováveis europeias. Não se avistaram patos, mas sim algumas Garças, codornizes e coelhos bravos. enfim, uma nova promessa de continuidade.
A caça à narceja nos Açores ( Divagações e algumas reflexões sobre a sustentabilidade da sua caça no arquipélago)
No início de Junho deste ano, quando regressava aos Açores depois de uma ausência de dois meses, surpreendi-me a pensar que há mais de um mês que não via uma narceja, o que já não me acontecia desde 2004: estar um mês sem observar narcejas…
Nas terras altas da Terceira
Contornando aqui o que esta confissão possa significar no domínio do patológico, depois de uma brevíssima passagem por São Miguel, viajei até à Terceira, em trabalho, e, logo que tive oportunidade procurei as pastagens altas da ilha, para os lados do Pico da Bagacina. Esta é uma zona onde ainda se encontram algumas áreas de pastagens naturais, com interessantes manchas de turfeira e juncos, e solos bastante húmidos, mesmo durante o período estival.
Entrei então numa pastagem que conheço bem, passeando sob o olhar curioso e atento dos touros, um elemento que faz parte da paisagem local. Após prospectar bem o terreno, durante mais de meia-hora, comecei a inquietar-me pela ausência de narcejas e por não lograr um único levante. Mesmo naqueles locais com “bom aspecto”, com juncos e alguma água. Ainda assim continuei. Aproximava-me então dum dos tão característicos – e “amaldiçoados” – muros de pedra solta quando, a cerca de meio-metro dos pés, me salta uma narceja, num “desajeitado voo de ave ferida”, a voar rente ao solo e indo pousar a algumas dezenas de metros de distância. Estaquei de imediato. Um passo a mais poderia significar a morte duma cria ou o esmagamento dum ninho. Com efeito tratava-se dum ninho. Com quatro ovos.
E não se tivesse dado o feliz acaso da ave me ter saltado tão próximo, e de ter visto exactamente o local donde havia levantado, nunca teria descoberto este ninho, de tal maneira se encontrava bem escondido e camuflado entre a vegetação. Ali estava, num buraco perfeito entre as ervas, o ninho de narceja mais “invisível” que observei até hoje. Afastei-me do local rapidamente, de modo a não perturbar mais, permitindo que a fêmea regressasse o mais rápido possível à incubação dos ovos. Enquanto me afastava levantei uma segunda narceja, um macho, que ganhando altura se exibiu num ruidoso voo de parada, vocalizando no ar durante alguns minutos.Continuei por mais algum tempo, a procurar na restante área com potencial habitat de reprodução, não voltando a levantar mais nenhuma ave. No entanto, já próximo do carro encontrei os restos duma narceja morta (e predada*).
Fiquei então a pairar num misto de exaltação e apreensão pelo que tinha assistido. Saía dali com a certeza de que o local ainda era uma zona de reprodução mas em estado de degradação/decadência.Quando em 2005 ali tinha feito um censo, existiam 2-3 casais de narcejas e agora existia apenas um.No dia seguinte, uma visita nas pastagens vizinhas mais não fez do que acentuar a minha apreensão. Embora não tendo feito uma busca exaustiva, a observação de apenas mais quatro aves (e ainda os despojos duma segunda ave predada*) deixou-me preocupado e a pensar no assunto durante os dias seguintes.
No Planalto dos Graminhais
Alguns dias depois, já em São Miguel, fui até ao Planalto dos Graminhais, o único sítio nesta ilha onde existe a possibilidade de observar narcejas, durante a época de nidificação. Não visitava o lugar desde o início de Abril e estava com bastante curiosidade, para tentar perceber se eram evidentes os efeitos de uma época de interdição da caça no local. Esta foi a primeira reserva de caça, criada com o propósito de proteger esta espécie, não só nos Açores como a nível nacional. E muito bem, na minha opinião. Com efeito, não fazia sentido continuar a caçar-se a Narceja na única área de reprodução no Grupo Oriental. Menos ainda quando se sabe estarmos na presença duma população reprodutora muito reduzida, de cerca de meia-dúzia de casais (6-7 em 2005; 3-4 em 2008), que tem como zona potencial de nidificação uma área com menos de 100 ha.
Embora durante os meses de Outono e Inverno sejam ali caçadas/observadas, com regularidade, aves oriundas do continente europeu (a Narceja-comum Gallinago gallinago e a Narceja-galega Lymnocryptes minimus) e da América do Norte (a Narceja de Wilson Gallinago delicata), o risco de estarem a caçar- se as aves residentes/potenciais reprodutores era muito elevado e, com a minha experiência pessoal do local e de caça a esta espécie, diria que bastante efectivo. O abate de duas aves ali anilhadas (2007 e 2008), uma a algumas centenas de metros do local onde havia sido anilhada e a outra a poucos quilómetros, na Achada das Furnas, parecem corroborar estes receios. Mas abandonemos por momentos as reflexões e divaguemos um pouco pelo Planalto dos Graminhais. Que, naquele dia, percorri embevecido e quase em extâse – se a felicidade existe este é o seu estado mais próximo – durante seis horas. Sem parar. Quase sempre envolto por um manto de nevoeiro ou, mais exactamente, pelas nuvens. O lugar é de uma beleza ímpar, coberto por juncos e almofadados montes de musgão, em infinitos tons de verde. E o nevoeiro e tempo chuvoso, que ali encontramos durante grande parte do ano, transmitem ao local uma aura de misticismo únicas. Embora desconhecido é, seguramente, o mais selvagem e belo local de São Miguel e uma das mais originais e antigas paisagens de Portugal. É também uma turfeira e, porventura, a pastagem natural e zona húmida de altitude mais bem conservada do país.
Além do aspecto lúdico e do evidente prazer pessoal que retiro sempre que vou aos Graminhais, esta visita proporcionou-me também, inesperadamente confesso, a confirmação de nidificação de três casais de Narceja: três crias (duas delas já “esvoaçantes”), acompanhadas por adultos, de duas ninhadas diferentes, e um ninho com quatro ovos. Se a descoberta das crias não me surpreendeu muito pela sua localização, pois deu-se na zona onde têm sido localizadas mais aves durante a época de reprodução, a descoberta do ninho deu-se num local “novo” onde, embora habitualmente ali observe uma/duas aves, nunca havia confirmado a sua nidificação. Ainda, o comportamento de algumas das outras aves levantadas/observadas faz-me pensar na forte possibilidade de mais 2-3 casais na zona. Cerca de 14 indivíduos diferentes observados (nunca havia observado tal número durante a época de nidificação) e, embora não tenha feito uma prospecção exaustiva, o que me foi dado observar faz-me pensar na possibilidade, bem real, de 5-6 casais na actualidade, se pensar que podem ter-me passado despercebidas algumas aves (sobretudo alguma fêmea, a incubar ou junto de alguma cria).
No terreno das especulações
Embora avaliando apenas as duas últimas épocas de reprodução, a comparação, talvez prematura, oferece-nos um quadro optimista. Esta avaliação, repito, é no entanto ainda feita “a quente” e, mais do que sustentada por um recenseamento, é resultado da observação directa e do conhecimento empírico que o autor tem da espécie nos Açores e, sobretudo, do estado da sua população no Planalto dos Graminhais. Assim, este aparente aumento, poderá dever-se à:
- Interdição da caça = estabilidade e incremento da população reprodutora. Com efeito, após uma época sem se caçar na zona, “salvaram-se” não só alguns possíveis reprodutores como – habitat disponível existe –, eventualmente, devido ao sossego agora proporcionado, houve novos indivíduos a estabelecer-se na zona.
Ou, por outro lado a:
- Factores meteorológicos = aumento de habitat disponível e aumento da taxa de sobrevivência das crias. De facto, se chover com maior regularidade as aves poderão sentir-se, por um lado, impelidas a ocupar novos territórios, e por outro, se o clima for mais doce na altura da eclosão dos ovos, a possibilidade de sobrevivência das ninhadas aumenta.
Pessoalmente acredito mais na primeira possibilidade. E se voltar ao início deste texto, à Terceira, os “factos” clarificam-na. Na Terceira, na zona atrás referida (assim como nos restantes territórios de nidificação), está autorizada a caça à narceja. Até ao início da época pré-nupcial. Para se ter uma ideia, no dia 18 de Fevereiro, neste local, ouvi um macho a vocalizar (Chip-call), sendo que a caça a esta espécie havia fechado no fim de semana anterior… Se adicionar-mos o facto de a caça, ao coelho, ter aberto em Agosto, em toda a ilha, e revelarmos que no início de Agosto ainda podem existir crias e juvenis a ensaiar os primeiros voos… Depois, tem havido um aumento do número de caçadores a caçar à narceja e a exercer uma maior pressão sobre a espécie nestas áreas.
Se agora voltarmos ao Planalto dos Graminhais e pegarmos nas primeiras impressões do autor, depois de uma época em que a caça no local esteve interdita, por muito que nos esforcemos, teremos dificuldade em justificar aqui a manutenção da caça a esta espécie. Poderemos ainda abordar a questão da ilha do Corvo. A única no arquipélago açoriano onde não se caça. A nenhuma espécie. E, embora com habitats de nidificação semelhantes aos que existem em São Jorge, Pico ou Flores, é a ilha com maior densidade de narcejas ou seja, aquela em que proporcionalmente existem mais narcejas. De longe. Mas não deixemos aqui espaço para mal-entendidos. Não sou contra a caça à narceja. Pelo contrário. A narceja é uma espécie que, embora tendo sofrido um ligeiro declíneo nos últimos anos, a nível europeu, apresenta um estatuto de ameaça pouco preocupante, estando classificada pela BirdLife International como SPEC 3. E no nosso país, no Continente e nos Açores, é um invernante comum e regular. Apenas não concordo – acho mesmo que não faz sentido – que se autorize a sua caça nos seus territórios de reprodução. Sobretudo em locais onde os factores de ameaça são evidentes, como a degradação do habitat e reduzido número de efectivos populacionais. Penso que em alguns locais, como por exemplo aqueles que são referenciados no texto, não se devia autorizar a sua caça e, em relação às outras espécies, apenas se deveria permitir o exercício venatório entre Outubro e o fim de Janeiro.
Por exemplo, acho de uma imoralidade atroz (e inabilidade na gestão dos recursos cinegéticos) que nas Flores a caça ao coelho esteja aberta durante todo o ano, em todo o lado, e todos os dias. Não pelos coelhos, que são de facto imensos, mas pela perturbação que a sua caça pode causar noutras espécies, como as galinholas e as narcejas, que fazem o ninho no solo. E como estamos no campo da cinegética fiquemo-nos apenas por estas duas espécies.
Também aqui se deveriam proteger algumas zonas, pelo menos durante o período de reprodução. Penso que no Pico e em São Jorge, devido às especificidades dos terrenos frequentados pelas narcejas (“pantanosos”, ventosos e chuvosos), assim como pelos efectivos existentes no Outono e Inverno, o impacto da caça será menor do que noutras ilhas. E, na verdade, o número de caçadores que ali caçam à narceja é pouco significativo. Por outro lado, em Santa Maria e na Graciosa, por serem ilhas onde a espécie não nidifica, pode-se ser menos escrupuloso com os locais e calendários venatórios. Tal como para todas as espécies cinegéticas dos Açores, o calendário venatório deve ser feito e ajustado tendo em conta o seu estatuto fenológico e particularidades. Para tal é necessário conhecer bem a dinâmica das populações, em todas as ilhas, não só no período de Outono/Inverno comodurante a época de reprodução. Como se sabe, em ilhas pequenas os ecossistemas e o equilíbrio das populações de aves é quase sempre muito frágil. Fazer censos regulares, durante todo o ciclo anual, e estudar a ecologia das espécies, é essencial para que se possa estabelecer um calendário criterioso: a bem da caça e da conservação.
*Um juvenil não-voador e uma fêmea adulta, encontrados numa área relativamente reduzida, fazem adivinhar uma elevada mortalidade durante o período reprodutor, devido a à grande vulnerabilidade das fêmeas durante a fase de incubação e às crias/juvenis enquanto estão dependentes dos progenitores.
Cria a reserva integral de caça designada «Planalto dos Graminhais», na ilha de São Miguel Considerando a necessidade de se promover uma diversidade cinegética e de se assegurar o aumento dos recursos disponíveis para o exercício da caça;
Considerando que para esse objectivo ser alcançado se impõe o estabelecimento de áreas de protecção para algumas espécies onde a caça não seja exercida;
Tendo em conta que a ilha de São Miguel possui uma zona com um habitat favorável ao desenvolvimento, criação e reprodução da narceja, estando, contudo, sujeita à pressão de caça:
Assim:
Nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 227.º da Constituição e da alínea o) do artigo 60.º do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, em execução do disposto no n.º 5 do artigo 28.º do Decreto, o Governo Regional decreta o seguinte:
Artigo 1.º
Objecto
É criada uma reserva integral de caça na ilha de São Miguel, na qual ficam proibidas a caça de qualquer espécie e todas as actividades que, de alguma forma, perturbem o habitat das espécies a proteger.
Artigo 2.º
Delimitação
A reserva integral de caça criada nos termos do artigo anterior, conhecida por «Planalto dos Graminhais», possui uma área de cerca de 159,40 ha, localiza -se na área das freguesias de Santana e Algarvia, ambas no concelho de Nordeste, sendo delimitada a norte com o núcleo da Serra da Tronqueira e o caminho do Espigão do Porco, a sul com o caminho da Serra (limite de concelho), a este com o núcleo florestal do Planalto dos Graminhais e a oeste com a ribeira dos Caldeirões, conforme carta publicada em anexo a este diploma, do qual faz parte integrante.
Artigo 3.º
Entrada em vigor
O presente diploma entra em vigor no dia imediato ao da sua publicação.
Aprovado em Conselho do Governo Regional, em Ponta Delgada, em 12 de Setembro de 2008.
O Presidente do Governo Regional, Carlos Manuel Martins do Vale César. Assinado em Angra do Heroísmo em 1 de Outubro de 2008. Publique -se. O Representante da República para a Região Autónoma dos Açores, José António Mesquita.
O Coelho Bravo, trazido há 500 anos pelos primeiros povoadores destas ilhas atlânticas, depressa se adaptou ao clima e paisagem das mesmas, proliferando com relativa abundância por todas elas. Amado por uns, odiado por outros, o Coelho Bravo tem conseguido graças á sua força e grande instinto de sobrevivência, manter a sua presença, apesar de ser fortemente atacado pela Virose Hemorrágica, com especial incidência naIlha de São Miguel. No entanto, suspeita-se que morrem muitos coelhos por“intoxicação” alimentar, proveniente de elevadas concentrações de Adubos e Salitres nas pastagens onde se alimentam.
Sendo a peça “basilar” da caça nos Açores, os seus reduzidos números, trazem restrições á sua caça, e aumento de pressão cinegética sobre as restantes (Codornizes,Galinholas, Narcejas e Pombas da Rocha). A sua época de caça, varia entre cada ilha, conforme a sua abundância. Assim, na Ilha de São Miguel, os Caçadores de Coelhos (Monteiros de caça menor), caçam desde o primeiro domingo de Outubro até ao último domingo de Dezembro, com um limite máximo diário de abate dc 2 peças por caçador e de 10 peças por grupo.
Caçando de batida, com recurso a uma matilha de Podengos (açorianos ?), no máximo de 12 cães, furando silvados, percorrendo matos rasteiros, ribeiras e grotas, os nossos heróis (os coelhos) são capazes de nos proporcionar excelentes dias de caça, repletos de emoção, adrenalina e paixão. Os cães, incentivados pelo matilheiro, que lhes grita frases típicas destas caçadas: pega “Farol”.... tira fora “Boneca”.... busca “Galiza”....procura “Benfica” ficou “Paquete” ajuda “Varina”..., fura “Espanhol”....pega “Dourado” .... olha ó coelho .... dão grande ânimo á matilha e aos caçadores, que colocados em zonas estratégicas, aguardam com atenção a saída dos coelhos. Saindo em grande velocidade, em zig zags desnorteantes, perseguidos pelos cães e súbitamente PUM PUM. E cobrado o primeiro coelho da época, que é recolhido pelo nosso cão de“trazer” o “Dourado”, de dente mole e mau feitio, traz-nos com muita perícia todo e qualquer coelho morto a tiro ou pegado pelos cães.
Pelo feitiço e mito que envolve a caça do coelho, são muitas as ocasiões que nosproporcionam histórias incríveis, como as que aqui passo a descrever:
- Certa vez caçava connosco, um amigo do continente, que ao ver a qualidade do nosso cão de trazer, logo ofereceu bom dinheiro pelo mesmo, ao que o meu pai, seu proprietário lhe respondeu: O amigo desculpe lá, mas mande lá o seu dinheiro buscar aquele coelho a ver se o traz. Se assim for temos negócio ! O coelho ainda lá está ...
- Um primo meu, vindo das Ilhas Bermudas, que estava em São Miguel a passar férias, foi connosco á caça. Após algumas horas de perseguição, um belo coelho, que tinha escapado aos tiros por várias vezes, tinha-se metido na toca. O meu pai tirou o furão (que agora está proibido) e meteu-o dentro da toca, em perseguição do coelho, e mandou o meu primo Andrew , de espingarda na mão, ficar perto da outra saída. Passados escassos minutos sentimos o coelho guinchar dentro da toca, deixando toda a gente alerta, e de repente ouvem-se dois tiros e alguém grita eufórico: Hei primo, o “rabitte da bell” (coelho da campaínha) já tá morto, consegui matá-lo. Mas o outro conseguiu fugir ! O meu pai sentou-se e chorou!
- Uma outra vez, caçava aos coelhos na Grota do Inferno, na Vila da Lagoa em São Miguel, quando vejo os cães a perseguirem um grande coelho, mas correndo no sentido contrário ao que eu estava. Então gritei bem alto “heiiiii “ a minha voz ecoou no outro lado dos montes assustando o coelho que de repente virou para traz, correndo na minha direcção, deixei-o aproximar-se dando-lhe um tiro certeiro entre as orelhas.
O almoço, é outro ponto alto de um dia de caça. Entre queijos típicos das ilhas,morcelas fritas com ananás, queijos frescos feitos com leite de cabra, e uma boa pinga de Vinho de Cheiro, contam-se as peripécias decorridas durante aquela manha de caça. Acertam-se negócios, vendem-se cães. Prometem-se cachorros, depositam-se esperanças.
A caça, faz parte da cultura de um povo, seja ele “Açoriano”, Português ou Espanhol, e deve ser preservada, acarinha e mantida, pelos orgãos do Governo. Aos Caçadores, apenas se pede que sejam agentes cumpridores das Leis da Caça e que ajudem a fomentá-la e preservá-la. Aos Governantes, apenas se pede que procedam á sua Fiscalização e Fomento, com rigor e isenção. A Santo Huberto, apenas se pede, que olhe por todos nós e que nos ilumine!
A existência da Perdiz Cinzenta (Perdix perdix) na Ilha de São Miguel, é hoje uma realidade. Assim, os resultados que se estão a obter com a sua introdução,farão com que a mesma seja alargada ás restantes Ilhas, nas quais existem neste momento, algumas Perdizes Vermelhas, como resultado de largadas efectuadas pelos Serviços Florestais. Tudo começou, quando se vinha a verificar que a Perdiz Vermelha, parecia não encontrar boas condições para que se pudesse adaptar, acasalar e reproduzir com sucesso, e que proporcionasse a formação de bandos em número suficiente para que a sua caça fosse uma realidade. Atendendo ás características especificas das ilhas açorianas, á pluviosidade regular, ao alto índice de humidade relativa do ar ao longo do ano, ao tipo de relevo e ocupação do solo e altitudes médias algo elevadas, parecem constituir o cenário perfeito para que no meio do Atlântico a existência da “Cinzenta” seja uma realidade. Assim, em 16 de Fevereiro de 2001, era inaugurado o Posto Cinegético da Chã da Macela, no concelho da Lagoa (S. Miguel), pelo Secretário Regional da Agricultura e Pescas, Dr Ricardo Rodrigues. Esta iniciativa desde cedo contou com o apoio dos caçadores dos Açores, pela mais valia que esta espécie vem dar ao nosso património cinegético, todavia recheado de caça menor de excelente qualidade e bravura, primando pela rusticidade da sua caça, caçadores e cães. Este Posto Cinegético, sem dúvida um dos melhores do país, engloba todas as infra-estruturas necessárias ao seu bom aproveitamento, como sejam os parques para alojamento de reprodutores, salas de incubação e eclosão, parques de cria e parques de voo, que no seu todo terão uma capacidade para acolher cerca de 120 (cento e vinte) casais reprodutores, com uma produção média dos 30 (trinta) ovos por casal, optimizando-se assim uma produção média anual que atingirá as 1.500 (mil e quinhentas) perdizes por ano para largada. De referir ainda que as Perdizes reprodutoras, são na sua totalidade importadas de França, dos melhores criadores desta espécie, e que, para além de serem acolhidas no parque cinegético para criação, são também largadas no campo em zonas previamente preparadas, como forma de assim se criarem bandos, que num futuro próximo serão alvo da mira das caçadeiras de alguns caçadores, bafejados pela sorte!
A Perdiz Cinzenta introduzida nos Açores, pertence na sua classificação á Espécie Perdix perdix, Género Perdix, Ordem das Gailiformes e Familia dasPhasianidae. No mundo inteiro existem três géneros e treze sub-expécies dePerdix. Esta Perdiz, existe um pouco por todos os países europeus. Desaparecida de Portugal continental, existe ainda em Espanha nos montes Cantábricos e nos Pirinéus, na França, com especial incidência no sul e na Itália. Existe ainda na Suécia, na Noruega, na Finlândia e nas Ilhas Britânicas. Para uma boa gestão desta espécie torna-se necessário ao “gestor” da mesma, conhecer bem os seus hábitos e diferenciação sexual, entres outros aspectos. Morfologicamente mais pequena que as demais, mede cerca de 32 cm, o perfil da cabeça do macho é diferente do da fêmea. No macho, o ângulo formado pelo perfil da testa e o rebordo superior do bico é mais fechado do que na fêmea (onde é mais aberto). A parte superior da cabeça do macho é castanha com finas raias amareladas, sendo mais escura na fêmea com manchas amarelo-claro em forma de pequenas “goticulas”. As penas da parte superior da cabeça são mais acinzentadas no macho e cinzento esbranquiçado a branco na fêmea. No peito destas aves, as penas de coloração castanho alaranjado, sobre o peito cinzento, formam uma “ferradura de cavalo” completa, que está sempre presente nos machos. Se a “ferradura” for de forma incompleta poderemos estar perante um macho jovem ou uma fêmea. As patas são dotadas de quatro dedos, sendo três deles dianteiros e um mais pequeno para traz que apoia o andamento da ave. De bico curvo e forte, de cor acastanhada nos jovens e azul chumbo nos adultos. No inicio da primavera, acasela, mantendo-se fiel á parçeira (ao contrário de outras espécies) ! O ninho é feito no chão, onde coloca entre 12 a 21 ovos, de cor alaranjados, lisos e com cerca de 37 mm. As jovens perdizes com uma semana pesam cerca de 15 gr, e ao atingirem as catorze semanas(estado adulto) pesam em média 350 gr (peso médio máximo) O seu canto, assemelha-se a um grito forte e agudo.
A Perdiz Cinzenta, amante das extensas planícies cerealíferas da Europa, cedo se adaptou ás fortes mudanças da agricultura industrial e massificada, que nos Açores não é diferente, devido, principalmente á “monocultura extensiva da vaca”, O que faz com que, as pastagens onde virá a nidificar, sejam objecto deceifa da erva, duas a três vezes no ano. Uma para produção de silagem , outra para produção de “fardos de erva seca” e por último para produção da feno-silagem. Pelo que se espera que esta Perdiz, consiga, á semelhança da sua“prima” Codorniz, sobreviver e criar novas gerações á sombra da erva verde(temporária) das pastagens, dos terrenos de batata e milho forrageiro, da escassa beterraba, alhos, cebolas e cenouras e outros verdes, que por aqui ainda existem. Alimenta-se nos primeiros dias de vida basicamente de insectos, que constituem uma excelente fonte de proteína para o seu rápido desenvolvimento. Numa fase mais avançada do crescimento, os vegetais, insectos, sementes e água fresca, fazem parte da sua dieta quotidiana. As bordaduras de vegetação natural espontânea, são na sua essência um excelente sitio para a nidificação, refúgio e alimentação dos jovens perdigotos, desde que estas zonas estejam livres de tratamentos químicos que eliminam as ervas daninhas e os insectos. Importa assim, fortalecer as populações de Perdiz cinzenta, com a introdução de mais indivíduos, que permitirão recompor os bandos, dando-lhes a estabilidade numérica necessária, como forma de assim, acasalarem, criarem e aumentarem os efectivos. Em acções deste tipo, onde se pretende introduzir umanova espécie com sucesso, e face aos custos envolvidos, devemos exercer uma acção forte nas seguintes áreas: Controlo de Predadores (incluindo a caça clandestina) ; Criação de Habitat adequado e Disponibilidade de alimento - sobpena de todo o nosso esforço humano e finançeiro , nunca chegar ao objectivo pretendido (para reflectir)! O habitat desta espécie deve ser o mais diversificado possível, sendo preferível aquele em que não há uma sobre-exploração da terra— que devia estar consagrada na reforma da PAC, ao invés do seu abandono total. As faixas de culturas de cereais e outras gramineas, em redor depastagens, matos e outros, são pequenos “oásis” para a Perdiz Cinzenta, num“deserto” de verdes prados, salpicados de bifes de vazia e queijos curados. Porora, as Perdizes que se encontram no Parque cinegético estão perfeitamente adaptadas, reproduzindo-se e desenvolvendo-se bem, nas várias etapas da sua vida. Todavia, das Perdizes já largadas, não há dados concretos acerca da sua situação, uma vez que segundo sabemos as mesmas não estão a ser monotorizadas, quer por via da sua ainda reduzida densidade quer também pela falta de recursos humanos a “full time” para este fim. Quem sabe se num futuro próximo, a Universidade dos Açores, através do Departamento de Biologia, possa dar a hipótese aos seus alunos finalistas de desenvolverem um trabalho de fim de curso, versando a temática da “Introdução da Perdiz Cinzenta na ilha de São Miguel “— aqui fica o desafio.
As comadrinhas e os furões, habitantes de longa data dos campos desta Ilha, não perderão a possibilidade de introduzir um novo prato de carne na sua dieta alimentar. Uma vez largadas na natureza, as jovens perdizes serão presas fáceis de qualquer um destes predadores oportunistas, que fazendo-se valer da sua astúcia muito facilmente poderão dizimar um bando inteiro . Os cães vadios eos gatos assilvestrados , no uso pleno das suas capacidades de caçadores que são, serão mais um factor a ter em conta na redução dos efectivos das espécies cinegéticas, principalmente das agora introduzidas, cujo quotidiano ainda não os contempla como uma séria ameaça á sua existência. No inicio do verão os efectivos destes animais abandonados no campo aumenta consideravelmente.Pois o gato ou o cão que durante o inverno aqueceu os pés ao dono, agora que este está de viagem para umas férias de sonho, apresenta-se como um grande estorvo que deve ser largado algures numa berma de estrada. Não sendo,obviamente, caçadores específicos da Perdiz Cinzenta, possuem no entanto,nariz suficiente, para lhes seguir o rasto e dar com elas na comida, na dormida ou no ninho. O Milhafre, espécie polémica, que cada vez mais abunda por todas as ilhas, certamente que deverá comer alguma coisa ! Ou almoça fora, nos restaurantes chiques, ou delicia-se com os petiscos de Pombas da Rocha, Perdizes ao almoço, Codornizes ao lanche e Coelhos ao jantar, que certamente farão as delicias deste excelente caçador alado que outrora quase em extinção agora parece estar em estado de sobre-população. O que parece no entanto, não preocupar as entidades competentes, com os efeitos negativos que estarão aprovocar nas populações das espécies animais, cinegéticas ou não, que servem de base á sua dieta alimentar. É frequente encontrar-mos grupos de 4 ou 6 milhafres, voando em círculos, varrendo o chão com a vista aguçada em buscado que quer que se mexa e pareça apetitoso. E que tal uma perdiz.
A actual Lei da Caça Regional para os Açores, que difere da Lei da Caça Nacional, não contempla a Perdiz Cinzenta, como sendo uma espécie cinegética regional, pelo que, a mesma não pode ser objecto de caça. Todavia, julgo que amesma já deveria estar ali incluída, sendo proibida a sua caça no Calendário Venatório, uma vez que esta Perdiz está a ser objecto de criação num posto cinegético ! A abertura da caça a esta espécie, deverá ser objecto de discussão,muito em breve. De facto, se ao fim de 4 anos de largadas de mais de 6.000perdizes, das mesmas não houver noticia, haverá que parar e analisar a situação.Ou a Perdiz Cinzenta não se adapta aos Açores, e deveremos procurar espécie alternativa, por exemplo o Faisão, ou adaptou-se perfeitamente e criou com sucesso e poderá então iniciar-se a sua exploração cinegética. Sem grandes estudos, discursos ou palestras, julgo que bastará aplicar de uma forma generalizada, as medidas de fomento que se aplicam á Codorniz, para que a existência de populações de Perdiz Cinzenta sejam uma realidade, e não uma miragem, no porta caças de um caçador de salto com cão de parar e arma de calibre ético (20) ! Não esquecendo, um dos pilares da boa gestão cinegética de sempre - a Fiscalização da caça durante todo o ano (a todas as espécies).
Flagrantes da Caça Real: Os habituais “Flagrantes da Caça Real”, ainda não existem, por razões obvias.No entanto há “relatos” de que um lavrador do Porto Formoso, terá capturado uma Perdiz Cinzenta, que diariamente lhe ia comer a ração das vacas dentro da casa de ordenha. A Perdiz, vendo-se encurralada, agachou-se, sendo agarrada pelo homem, que sorridente a levou para casa, colocando-a no seu galinheiro, entre perus, galos, galinhas e coelhos domésticos. Todavia, e dada a rara beleza de tão distinta ave, logo começaram os divórcios e cenas de ciúme entre galos, galinhas e perus, pois todos a queriam namoriscar. A sogra do lavrador, não contente com aquela algazarra diária, e pela consequente baixa de produção deovos, decidiu torcer o pescoço á “galinha da ferradura”. Se tão depressa o pensou mais depressa o fez, e á noite havia canja fresca na mesa e sossego no galinheiro !