Com um tamanho aproximado ao do Melro, embora com um comprimento de bico e patas muito superiores. A época de reprodução estende-se de Março a final de Julho, período durante o qual é possível observar os machos em inesquecíveis e sonoros voos de exibição. O ninho, pouco elaborado e muito bem dissimulado na vegetação, quase ao nível do solo, é contruído pela fêmea; a postura é de cerca de 4 ovos que são incubados pela fêmea durante 18-22 dias; as crias são nidífugas e ao fim da primeira semana de vida estão em condições de se alimentarem sozinhas; com três semanas já voam e às seis semanas emancipam-se em definitivo dos progenitores.
Onde vive nos Açores?
A Narceja pode ser encontrada, no Outono e no Inverno, em todo o arquipélago em lagoas, pastagens alagadas e pastagens de turfeira. A espécie evita de um modo geral zonas em que o nível de água seja superior a 7 cm de altura. Embora possa ocorrer com frequência em locais de vegetação alta e densa, parece importante, no entanto, que estes locais apresentem áreas abertas e boa visibilidade de modo a que as aves possam ver a aproximação de possíveis predadores.
Onde observar a Narceja nos Açores?
Nos Açores em todo o género de zonas húmidas, mas com elevada probabilidade nas zonas de pastagens turfosas, sobretudo em São Jorge, Pico, Corvo, Flores e Terceira. Durante todo o ano com excepção de Santa Maria e Graciosa onde a espécie não nidifica.
Em São Miguel, de Setembro a Abril, o local onde ocorre em maior número é na Achada das Furnas. Durante a época de reprodução no Planalto dos Graminhais.
O que come?
O regime alimentar da Narceja é muito variado e é adaptável em função dos recursos disponíveis. As suas necessidades diárias são enormes e correspondem mais ou menos à sua massa corporal que é, lembrê-mo-lo, de 100/120g!
O «menú» é composto essencialmente de presas animais que procura no solo amolecido e lamacento entre despojos vegetais, sob uma «capa» de água com poucos centímetros de profundidade. Entre eles: minhocas, larvas de insectos, assim como molúsculos e crustáceos.
Ameaças?
As principais ameaças devem-se sobretudo à redução – e extinção em algumas regiões – das zonas húmidas onde a espécie ocorre, não só durante o Outono e Inverno como durante o período reprodutor onde os locais de nidificação têm vindo a sofrer nos últimos decénios uma crescente drenagem(as pastagens turfosas de altitude têm vindo a desaparecer na Região Autónoma dos Açores, substituídas por pastagens intensivas e plantações florestais).
A actividade cinegética se não for devidamente regulamentada, pode também constituir um grave factor de ameaça em casos muito específicos(caça excessiva nos locais de reprodução, saturnismo, etc.).
Estatuto de conservação?
Embora se tenha assistido em anos recentes a um ligeiro declíneo: SPEC 3(Em Declíneo), a nível europeu a Narceja não é uma espécie ameaçada.
Sabia que?
O denominado «canto» da Narceja – o célebre «balido» caprino –, emitido apenas durante a época de reprodução, não é um som de natureza gutural. Com efeito, este som tão característico – que assombrou gerações e deu origem a inúmeras lendas e crenças no mundo rural do Velho Continente – é produzido com as rectrizes externas que, abertas com as aves voando a grande altitude e, «deixando-se cair» em sucessivas «montanhas russas», em vibração com o ar, provocam este ruído. Aliás, alguns dos nomes populares porque a Narceja é conhecida em Trás-os-Montes: cabra-velha, cabra-do-monte, cabra-berradeira, bode, berra, etc. são bem ilustrativos.
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